Idea Zarvos & ABERTO
Hoje começamos uma série de cinco Pílulas Arquitetônicas em parceria com a ABERTO, referência máxima em exposições itinerantes em casas com alto valor arquitetônico.
A edição desse ano acontecerá nas antigas residências de duas das mulheres mais relevantes do cenário artístico brasileiro: Chu Ming Silveira e Tomie Othake.
As próximas Pílulas Arquitetônicas serão dedicadas ao trabalho e legado destas duas grandes personas, começando com uma das histórias mais interessantes da nossa arquitetura.
Chu Ming Silveira
Chu Ming Silveira nasceu na cidade de Shanghai, em 1941. Ela e sua família precisaram deixar a China às pressas, devido a revolução comunista de 1949, que deixou a situação política no país insustentável para eles.
Em 1951 a família partiu rumo a um novo mundo, a caminho de São Paulo. Instalados no bairro de Pinheiros, Chu Ming logo se tornou uma verdadeira Paulistana. Em1964, ela se formou em Arquitetura pela Universidade Mackenzie e inaugurou seu próprio escritório no ano seguinte.
No fim da década de 1960, na antiga CTB (Companhia Telefônica Brasileira), Chu Ming Silveira começou a ganhar notoriedade. De início, a arquiteta trabalhou no desenvolvimento de projetos e no acompanhamento de obras para a empresa.
Em 1971, chefiando o Departamento de Projetos de CTB, ela assumiu o grandissíssimo desafio de criar um protetor para telefones públicos. Assim nasceram seus maiores legado: o Chu 1 e o Chu 2, popularmente conhecidos como Orelhinha e Orelhão.
A ideia de Chu Ming era criar um objeto que juntasse funcionalidade e beleza, além de promover uma estética que caísse no gosto da população. O design foi pensando a partir da forma do Ovo, com uma estética simples e acústica funcional. O material escolhido foi a fibra de vidro, resistente ao sol e a chuva, além de aguentar de baixas temperaturas até o calor intenso de várias partes do país.
Em 1975, Chu Ming e seu marido, o engenheiro Clóvis Silveira, se dedicaram em projetar e construir uma casa para a família no bairro do Morumbi. A arquiteta teve uma forte influência do movimento Brutalista, que rendeu nomes como Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha e Hans Broos para a arquitetura Paulistana.
A casa foi pensada a partir do concreto aparente e vidro e com uma fundação que acompanha o desnível do terreno, sendo, nas palavras da própria, um organismo vivo. A fluidez e senso de aconchego da casa se destacam perante a outras obras do mesmo estilo.
Chu Ming e o marido, apaixonados por navegação, se encantaram com Ilhabela. No final da década de 1980, eles começaram a construir casas no local. Assim nasceu o chamado estilo “Pós Caiçara”.
Chu Ming utilizou dos mesmos princípios estéticos da casa de sua família, utilizou materiais disponíveis na região e aplicou o conceito de Feng Shui para criar estruturas modernas que se mesclavam sutilmente às belas paisagens da região.
O legado diverso de Chu Ming fez parte, durante anos, da vida cotidiana de todos os brasileiros. Seus projetos como arquiteta foram inovadores, sensíveis e estéticos. Em um mundo cada vez mais interdisciplinar, Chu Ming nos mostrou há algumas décadas, que o bom design pode nos impactar positivamente em todas as esferas da vida.
Em breve, traremos mais novidades sobre nossa parceria com a ABERTO, que celebra a união entra arte, arquitetura e design.
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