Hoje, no dia 9 de julho, se comemoram 92 anos da Revolução Constitucionalista. Essa data marcou a história Brasileira como o início de um movimento em prol da democracia e do constitucionalismo em nosso país. Júlio Prestes foi Governador do Estado de São Paulo entre 1927 e 1930, ano que se elegeu de forma democrática para a Presidência do Brasil. Nesse mesmo ano, Getúlio Vargas reuniu as oposições e aplicou um golpe de estado que impediu Prestes de assumir o cargo.
Como Governador, um de seus principais méritos foi o desenvolvimento da malha ferroviária Paulista. Seu nome ficou eternizado na história em um dos principais símbolos da infraestrutura do estado: a Estação Júlio Prestes. Esse edifício foi originalmente inaugurado no final do século 19, como parte da Estrada de Ferro Sorocabana. Em 1925, Cristiano Stockler das Neves projetou a estrutura tal como conhecemos hoje. A obra foi concluída em 1938 e foi renomeada em 1951 em homenagem à Júlio Prestes.
A construção tem forte influência da arquitetura Neoclássica e de terminais ferroviários europeus e norte-americanos. A Grand Central e a Pennsylvania Station, ambas construídas na década de 1910, foram as principais inspirações arquitetônicas para o projeto. A fachada principal, com uma série de arcos e colunas, cria uma sensação de escala que remete a uma sensação de opulência. O saguão principal possui pé direito alto, com diversos detalhes ornamentais e o teto decorado. Além disso, o espaço possui grandes janelas que possibilitam a entrada de luz em abundância. O edifício também contava com um Jardim clássico francês, com 960 metros quadrados.
A Estação Júlio Prestes apresenta também espaços amplos e bem distribuídos, que foram pensados para acomodar grande volumes de carga e fluxo intenso de pessoas. Infelizmente, logo depois da reinauguração de 1938, o movimento ferroviário no estado caiu consideravelmente; na época, se popularizava o uso dos ônibus e carros particulares pelo estado. A Segunda Guerra mundial também diminui consideravelmente a exportação do café e impossibilitou a importação de peças fundamentais para a operação ferroviária. Em 1948, a Sorocabana teve seu primeiro saldo negativo e a Estação caiu em desuso, sendo posteriormente completamente abandonada.
Com o fim da Estrada de Ferro Sorocabana, o espaço foi incorporado ao Governo do Estado de São Paulo em 1971. No começo da década de 1990 o antigo regente da Orquestra Sinfônica de São Paulo, John Neschling, pediu ao Governador da época, Mario Covas, o restauro da Estação. O antigo jardim seria transformado em uma sala de concertos e a estação também receberia linhas de trem da CPTM. Nelson Dupré, em parceria com Luizette Davini, foram os arquitetos responsáveis por conduzir o projeto e obra do espaço.
O resultado é uma das maiores referências nacionais em termos de acústica e uma sala de concerto comparável às principais do mundo. Na inauguração, a Osesp apresentou a Sinfonia nº 2 — Ressurreição, de Gustav Mahler, sob regência de John Neschling. Música perfeita para celebrar a volta a vida de uma das mais importantes construções do Estado de São Paulo e símbolo da persistência, criatividade e trabalho árduo que marcam o povo Paulista.
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