Link copiado para a área de transferência
Magazine

Oficina2mais fala sobre a integração do paisagismo à arquitetura do Pascoal Vita

17 de março, 2020

Entrevistas ・ Paisagismo ・ Pascoal Vita
Aquarela representativa de uma das faces da fachada do Edifício Pascoal Vita.
Aquarela representativa de uma das faces da fachada do Edifício Pascoal Vita.

Ouvir os arquitetos do escritório Bernardes Arquitetura falarem sobre o processo criativo do Edifício Pascoal Vita foi superinspirador – e resultou em uma entrevista enriquecedora. A experiência foi tão positiva que trouxemos a Oficina2mais, responsável pelo projeto de paisagismo do edifício, para falar sobre todos os detalhes da vegetação e nos mostrar, mais uma vez, o quanto o paisagismo está intimamente aliado à arquitetura autoral.

Idea!Zarvos: qual foi a inspiração para a criação/execução do projeto?

Não se trata tanto de inspiração. Na realidade, o projeto de paisagismo está totalmente aliado ao projeto de arquitetura. Dessa maneira, ele não foi pensando apenas a partir de espécies para os canteiros dos pavimentos específicos, mas sim a partir dos cortes arquitetônicos, ou seja, trabalhando elementos verticais – nesse caso, as árvores e palmeiras. Os colos, troncos e copas desses espécimes ultrapassam as alturas de pés-direitos para se comunicarem com os outros pavimentos.

A vegetação de médio e baixo porte também é trabalhada de modo a servir esses cortes arquitetônicos. Essa vegetação é vista tanto na altura dos olhos, mas também alcança o olhar de quem está nos outros pavimentos: dos pavimentos superiores pode-se apreciar a vegetação da marquise e do pavimento térreo, e para quem está no subsolo, consegue contemplar as plantas das jardineiras dos apartamentos.

Idea!Zarvos: visualmente, qual espécie será mais marcante no ambiente?

Não há uma espécie única que se destaca, pois preferimos trabalhar com a mistura de plantas e folhagens misturadas com flores, para que o jardim se transforme ao longo do ano. Entretanto, devido à altura e magnitude, as palmeiras do subsolo e da marquise talvez chamem mais a atenção. A ideia foi plantá-las para que as pessoas possam vê-las em diferentes ambientes, diferentes partes (copas, troncos).

Idea!Zarvos: qual o maior desafio encontrado no projeto de paisagismo do Pascoal Vita?

Além do desafio de alinhar o projeto de paisagismo ao de arquitetura, a questão do número de árvores a serem plantadas, devido ao plano de compensação ambiental. Precisávamos usar árvores de médio porte (15m) em um espaço de apenas quatro metros de largura.

Idea!Zarvos: qual a vegetação escolhida para para fazer parte do projeto?

Além de propor um novo conjunto de vegetação para o subsolo, também tivemos de atender à legislação vigente de compensação ambiental para manejar as árvores existentes. Para isso, fizemos um estudo de plantio que mantém seis árvores existentes (sendo duas transplantadas dentro do terreno) e são propostas outras 16 árvores nativas. Assim, todo o perímetro do prédio é arborizado e as árvores nativas escolhidas para o plantio variam em tamanho e morfologia.

Na entrada do edifício, na Rua Pascoal Vita, foram plantadas árvores ornamentais como a Corticeira (Erythrina crista-galli), que apresenta linda floração vermelha entre setembro e dezembro, e a Sete-cascas (Astronium fraxinifolium), que tem o tronco bem marcado, com pequenas riscas horizontais. Essas árvores se misturam à vegetação de porte médio, entre folhagens exuberantes dos diversos filodendros e da Justícia-vermelha, que abriga visualmente a esquina entre as ruas Pascoal Vita e Napoleão Aureano. A forração também tem um cuidado especial na entrada, uma composição de Barba-de_serpente com Samambaia-paulista, visando criar uma textura mais rica na forração.

O jardim dos ateliês, adjacente à Rua Napoleão Laureano, apesar de ser interno ao lote, dialoga com a rua, já que foram escolhidas árvores altas de estrutura colunar que serão vistas desde a esquina. Além disso, alguns arbustos se comportam como plantas trepadeiras e extrapolam o limite do gradil, intercalando ramos e folhas nos ambientes externos e internos.

A exuberância desse jardim se mostra a partir dos espaços dos ateliês do subsolo e as copas de suas árvores atravessam a altura do pé direito do pavimento, para serem vistas a partir do térreo. Entre os ateliês e a garagem existe um pequeno jardim interno, bordeado por um banco. Esse jardim foi pensado com plantas de sombra, de fácil manutenção, e também palmeiras que atravessam o rasgo na laje, e suas folhas se abrem no pavimento térreo.

Os canteiros do térreo foram tratados com bastante atenção, já que é o pavimento social, onde os moradores e visitantes circulam e desfrutam do espaço comum do edifício. Assim, os canteiros que envolvem a torre de circulação são formados por vegetação bastante exuberante, onde folhas largas se misturam a uma vegetação mais esguia, alta e florida. Também foram plantadas palmeiras que, conversando com as palmeiras plantadas no jardim do subsolo, atravessam os rasgos da marquise e alcançam o próximo pavimento. Do térreo também são vistas as copas e troncos das árvores plantadas no jardim dos ateliês, no subsolo.

Um grande jardim foi locado aos fundos do pavimento térreo e é composto por uma variedade de plantas, que mesclam flores coloridas azuis (pseudoíris azul), brancas (moreia branca) e vermelhas, às folhagens largas das taiobas e dos filodendros angolanos. O muro é coberto pelos gengibres-magníficos, formando uma textura verde em contraste ao concreto aparente. A forração desse canteiro também é bastante variada, criando texturas e composições diversas.

A área de descanso da piscina também é envolvida por um canteiro alto, que funciona tanto como barreira de proteção quanto para criar um ambiente mais agradável nesse deck. Nele foram plantadas espécies médias e eretas, que poderão ser vistas a partir da rua Pascoal Vita, e vegetação exuberante, que pende na mureta dos canteiros, quebrando a volumetria linear do concreto.

As jardineiras dos pavimentos tipo foram pensadas com plantas de fácil manutenção e com texturas neutras, para não se destacarem tanto na fachada do edifício. Assim, formam-se linhas de vegetação em todo o perímetro do prédio, criando um ritmo homogêneo que dialoga com os elementos arquitetônicos.

A vegetação da marquise também é bastante rústica, de fácil manutenção. A forração é predominante nesse jardim, com alguns pontos de destaque de vegetação média, que seja vista e apreciada dos andares superiores. Na borda do rasgo da marquise, foram escolhidas plantas pendentes como a jibóia (Epipremnum pinnatum), o cacto-macarrão (Rhipsalis bacífera) e a costela de adão (Monstera deliciosa).

Idea!Zarvos: No projeto há alguma peculiaridade? Espécies raras, espécies nativas, alguma que precise de cuidados específicos, etc?

O cipó imbê é uma espécie rara, que não é muito usada comercialmente, difícil de encontrar. Porém, no geral optamos por escolher espécies ornamentais, que não precisem de cuidados muito específicos, para facilitar a manutenção. No geral são espécies tropicais, nem todas nativas, mas adaptadas ao clima.

As espécies arbóreas ganham destaque na composição e cada qual tem sua peculiaridade e característica ornamental. As árvores colunares, como o pau jacaré e o pau mulato, foram escolhidas porque se encaixavam no espaço disponível e também pela riqueza de texturas nos troncos. Já cambuí vermelho, apesar de não ser uma árvore colunar, também traz essa peculiaridade de um tronco colorido, avermelhado.

_______

O Edifício Pascoal Vita é um projeto Idea!Zarvos com arquitetura de Bernardes Arquitetura.

Pascoal Vita

Bernardes Arquitetura

Aptos de 319m² a 443m² ・ 3 e 4 suítes

Sem unidades disponíveis

Pascoal Vita

Bernardes Arquitetura

Aptos de 319m² a 443m² ・ 3 e 4 suítes

Sem unidades disponíveis

Cadastro feito com sucesso!
Em breve, pílulas arquitetônicas diretamente em seu e-mail.