Uma história de mais de 20 anos, que começou em Braga-Portugal e chegou ao Brasil. De lá para cá, José Carvalho Araújo acumula mais de 100 projetos entregues e inúmeros prêmios. Antes mesmo de pensar em ter uma sede em terras brasileiras, o arquiteto português já se mostrava um grande admirador do país.
“Gosto do povo brasileiro, gosto muito da forma espontânea como estão inseridos em todas as áreas, principalmente na arte”. – José Carvalho Araújo
Da admiração nasceu a vontade de expandir horizontes, o que fez com que José aproveitasse a participação em um concurso de arquitetura para dar início a um trabalho de novas escalas e desafios no Brasil.
Para a Idea!Zarvos o arquiteto teve sua estreia no Árbol. O edifício localizado na Vila Ipojuca, tem uma arquitetura que convida a paisagem do entorno a entrar pelas generosas janelas dos apartamentos.
Após o Árbol, o segundo projeto a nascer a quatro mãos, junto à Idea!Zarvos, foi o Harmonia 1040. O edifício é composto por 20 apartamentos de 333m², além de lojas e escritórios.
A inspiração para o edifício não veio da natureza, do bairro ou de lugares inusitados, mas sim do trabalho diário, das sensações e intuições expressadas em desenhos, esquemas e textos que são essenciais durante o processo criativo. Pensar onde o cliente gostaria de viver, o que ele gostaria de ser, quais são seus desejos e aspirações... Todos esses questionamentos ajudaram a criar o Harmonia 1040.
“Numa fase inicial existem sempre várias ideias, muitas vezes diferentes. A inspiração pensada apenas como a existência de uma única ideia clara e precisa, que antecede tudo, é para nós uma definição difícil de aceitar. Não é uma inspiração, é uma descoberta. A descoberta de uma identidade.” – José Carvalho Araújo
Após a descoberta e os primeiros esboços, o edifício começou a ganhar forma, sempre com a preocupação de tornar menor aquilo que é grande. No exterior, por exemplo, é intencional a ambiguidade dos volumes, que cria a sensação de que são dois prédios, quando na verdade são blocos indissociáveis. Essa foi uma das formas de quebrar o impacto da construção no cenário do entorno. Isso porque, criar edifícios que ajudem a suavizar o impacto das transformações rápidas e abruptas das cidades tem sido uma preocupação constante para José Carvalho Araújo, tanto no Brasil, quanto em Portugal. No caso do Harmonia 1040, foi importante perceber como seria a Vila Madalena após a sua construção.
“Tínhamos consciência de alguns novos projetos que iriam ser construídos em paralelo e essa realidade condicionou também algumas decisões sobre o projeto. O edifício está localizado na cota alta da Rua Harmonia, conferindo-lhe uma posição de grande visibilidade, num momento de transição. Exigia-se, por isso, que o prédio fosse uma referência visual, mas também que contribuísse para o relacionamento entre diferentes escalas. Ao nível do projeto, um volume alto, de uso residencial, que pontua e acolhe. Ao seu lado, um corpo baixo, de lojas e escritórios, capaz de reforçar a horizontalidade e preparado para as novas dinâmicas urbanas do futuro lugar.”
Se traduzido no Harmonia 1040, o Brasil de José Carvalho Araújo tem vista ampla e limpa, uma sala de estar de 21m lineares e uma organização arquitetônica que divide o edifício entre residencial e comercial, com elegância, pensando no impacto gerado no entorno.
“Primeiro existe o lado sério da encomenda. Entender o pedido e o lugar, sem que isso condicione o projeto numa primeira fase. Depois sonhamos, especulamos e procuramos nos divertir. Realizamos os nossos cenários e tratamos o nosso edifício como um ator numa peça de teatro. A cidade é o seu palco.”
Ainda que as escalas e estilos arquitetônicos do Brasil e Portugal sejam diferentes e exijam do arquiteto diferentes esforços e visões, um item torna todos os projetos semelhantes: eles são feitos para pessoas.
“Se valorizamos as pessoas e os lugares, independentemente da parte do mundo onde estivermos, vamos ter sempre essa preocupação.” – José Carvalho Araújo.
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